Paraná pode colher 20,8 milhões de toneladas de soja, maior volume da história
Os produtores paranaenses de soja poderão produzir, em uma área de 5,76 milhões de hectares, aproximadamente 20,89 milhões de toneladas de soja nesta primeira safra 2022/2023. Esse volume, se confirmado, será o maior da história no Paraná. As informações são da Previsão Subjetiva de Safra (PSS) divulgada nesta quinta-feira (02) pelo Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), relativa ao mês de fevereiro.
As expectativas para a cultura da soja representam um aumento de 70% no volume de produção comparativamente à safra 2021/2022, quando foram produzidas 12,31 milhões de toneladas. A colheita do grão avançou para 17% da área nesta semana, e 85% das lavouras se encontram em boas condições, 12% em condições medianas e 3% em condições ruins.
Segundo a chefe em exercício do Deral, Larissa Nahirny, somando-se a primeira e a segunda safra, o Paraná deve produzir 41,07 milhões de toneladas de grãos (todas as culturas) no ciclo 2022/2023. “Apesar do atraso no plantio e, consequentemente, na colheita dos principais grãos, como soja e milho, os agricultores paranaenses podem ter um bom resultado”, diz.
SOJA – A área estimada para esta safra, de 5,76 milhões de hectares, é 1,5% maior que a do ciclo 2021/2022. Segundo o analista do Deral Edmar Gervásio, como a região Oeste sofreu um maior impacto com o clima, a expectativa de produção foi prejudicada. “No entanto, as regiões Sul e Norte devem ter uma produção dentro da normalidade, ou até superando a expectativa inicial”, afirma.
Nesse cenário de maior produção, observou-se uma pressão maior nos preços, segundo o Deral. Em fevereiro, o preço médio pago aos produtores pela saca de 60 kg foi de R$ 158,14, o menor dos últimos 12 meses, e 14% menor que o registrado em fevereiro de 2022.
MILHO SEGUNDA SAFRA – O plantio da segunda safra de milho no Estado está atrasado. Até esta semana, apenas 26% da área total estimada de 2,6 milhões de hectares foi plantada. Historicamente, o plantio deveria atingir cerca de 40% da área total até o final de fevereiro, segundo Gervásio.
Esse atraso é mais acentuado nas regiões Oeste e Centro-Oeste do Estado, onde as condições climáticas desfavoráveis afetaram a colheita da soja e, consequentemente, o plantio do milho. Considerando que o período ideal para o plantio do milho nessas regiões termina em fevereiro, é possível inferir que entre 400 mil e 600 mil hectares poderão ser plantados fora do período ideal, ou até substituídos por outra cultura, segundo o Deral. Com isso, essas áreas ficam mais suscetíveis a perdas na produção, a depender das condições climáticas.
FEIJÃO – De acordo com o economista do Deral Methodio Groxko, apesar das frequentes chuvas nos últimos dias, os trabalhos de campo não foram interrompidos. Assim, a colheita de feijão nos 116 mil hectares cultivados na primeira safra já se aproxima do fim. Cerca de 95% da área já foi colhida, o equivalente a 110 mil hectares.
Groxko destaca que o produto colhido nesta safra é de boa qualidade, com destaque para as lavouras implantadas a partir da segunda quinzena de outubro. “Além de melhor qualidade, as maiores produtividades estão sendo registradas nas lavouras mais tardias, quando o clima tornou-se mais satisfatório à cultura do feijão”, explica.
Quanto aos preços, na semana passada os produtores receberam, em média, R$ 254,00 pela saca de 60 kg de feijão-preto e R$ 349,00 pela saca de 60 kg de feijão cores. Esses valores são praticamente iguais aos da semana anterior, pois, devido ao Carnaval, houve poucos negócios. O setor aguarda para os próximos dias a retomada nas vendas, em especial nas praças de São Paulo, onde acontecem os maiores volumes de vendas.
Para a segunda safra de feijão 2022/2023, a previsão é de que sejam colhidas 599 mil toneladas, 7% a mais do que na safra passada (561,5 mil), em uma área de 301,7 mil hectares, 11% menor. Aproximadamente 70% da área está plantada.
TRIGO – No final de março, será divulgada a primeira estimativa de área das culturas de inverno. Há uma tendência de aumento nas áreas dessas lavouras devido às dificuldades enfrentadas pelos produtores para colher a safra de verão a tempo de aproveitar melhor a janela de plantio das culturas de segunda safra. Atualmente, é esperada uma retração de mais de 100 mil hectares na segunda safra – em especial de milho e feijão -, que devem ser ocupados com os cultivos de inverno, principalmente o trigo.
De acordo com o engenheiro agrônomo do Deral Carlos Hugo Godinho, a tendência de aumento na área de cultivo de trigo é reforçada pelo menor custo dos fertilizantes no momento. Os custos estimados com os preços pagos pelos produtores em adubos ao longo de fevereiro indicam uma redução de 10% em relação a novembro de 2022, quando foi realizada a última pesquisa, e um desconto de 22% em relação à pesquisa de fevereiro de 2022. Os fertilizantes representam cerca de 40% dos custos variáveis deste cereal.
MANDIOCA – A cultura da mandioca vive uma boa fase quanto aos preços pagos aos produtores. No último mês, cada tonelada foi comercializada por, em média, R$ 1.112,00, ante R$ 606,00 no mesmo período do ano passado. Segundo o economista Methodio Groxko, esse aumento de 83% é motivado principalmente pelo aumento das exportações brasileiras do produto nos últimos dois anos e retomada das indústrias de fécula após a ociosidade na pandemia.
Estima-se para a safra 2022/2023 uma produção de 3,12 milhões de toneladas de mandioca no Paraná, em uma área de 135,9 mil hectares. Se essa estimativa se confirmar, trata-se de um aumento de 13% no volume (2,75 milhões) e 11% na área (122,8 mil ha). (Foto: Arquivo AEN)